domingo, 11 de setembro de 2011

Le désespoir

Você sentiu tanta vontade de Paris. Sentiu tanto o silêncio do telefone maluco que muito te irritava por ter um toque tão alto a ponto de assustar seu silêncio, e agora se irrita por ele não emitir som algum, especialmente nas noites de sábado, que vem sempre com chuva calma, mas já é muito tarde para ir até lá fora e tentar lavar esse desespero tão irritante que te insulta.

Parece impossível sentir dor quando já te secaram tudo o que tinha. Mais impossível ainda é sentir falta de algo que não se sabe dar forma, cor ou nome -ou talvez saiba, mas não queira reconhecer-.
Eu sei. Sei que acertaram em cheio o motivo mais sensível dos sentidos que ainda te faziam respirar, mas você só está aqui, tentando cumprir seu encargo, se é que ele existe, se é que já não se cumpriu e agora só espera por algo que possa ser vivido sem crueldade. Algo que você ame e te ame também, mas que seja amor de verdade, pra que você possa dizer adeus sem culpa, sem desapontamento e nem saudade. Algo que te reencontre em Paris, talvez, ou em outros ares onde os humanos não possam respirar. Algo que seja feito por você e não pelos outros. Algo que salve a sua vida, e que não precise ser posto em uso para esquecer qualquer lembrança.

Isso é baixo, eu sei. Te entendo, te entendo bem...