segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Você tem cores bonitas

Você pode simplesmente sorrir e fingir com as pessoas. Ou pode as observar e aproveitar os breves momentos de alegria verdadeira. Abra seus olhos para as cores bonitas de verdade. Open your eyes!

Era a alegria mais monótona que eu já havia visto. Antes da felicidade, declarava-se a obrigação e o sentimento de dever cumprido, como quem diz: Pronto, está feito. Agora me deixem em paz! Era um olhar vazio, distante dali, mascarado por breves sorrisos de alegria verdadeira. Era a mesma pose para todas as fotografias e pedidos de atenção. Era aquele sorriso tímido e incomodo que me mostrava nitidamente, o medo de alguém descobrir a insegurança de seu coração. Era uma auto-indagação para saber quem realmente estava ali: Esse sou eu no retrato, mas onde eu estava quando o tiraram? Era a minha vontade louca de o abraçar de repente e dizer: Mostra o sorriso da sua alma menino tímido, não esconda suas cores. Você já é grande, mas ainda é uma criança para mim. Te ver crescer me faz ver que também estou crescendo. Vá com calma, eu posso me assustar.

Se é uma cena de solidão, todos vão te ver sorrindo. Ninguém se importa...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Borboletas no jardim

Tem uma borboleta em meu banheiro, pode tira-la para mim? 
Disse a garota com receio.
Por que você mesmo não faz isso? Nunca teve medo de borboletas.
Disse o garoto sem tirar os olhos da TV.
Tenho medo de machuca-la, suas asas são tão frágeis. Também não quero que se vá, só acho que aquele lugar não é hábil para ela...
Faça como no dia em que nos conhecemos, leve uma flor até ela. Se lembra?
Sim. Só não entendo como posso resolver isso levando uma flor até ela.
Quando eu te vi pela primeira vez, você estava encostada em uma parede branca e sem graça, que não ofuscava nada nada da sua beleza. Durante o tempo em que muitos ali não conheciam os artistas, você cantava todas as musicas sem desviar os olhos do palco enquanto bebia um vinho tinto. Já notou como as pessoas ficam sensuais quando bebem vinho?
Então devo oferecer vinho a borboleta? 
Não. Eu tentei de todos os modos chamar sua atenção e, mesmo o lugar não sendo uma obra com perfeição como merecia,  você parecia não ligar para o que estava acontecendo a sua volta. Então, eu te surpreendi com uma flor, e você sorriu. Segurou a flor e se sentou ao meu lado em um banco próximo ao jardim para conversar. Assim, eu consegui te tirar daquele lugar horrível sem precisar te tocar ou machucar, e você ainda podia ouvir as canções. Depois disso, você nunca mais foi embora, ficou para sempre em meu jardim.
E onde a borboleta no banheiro entra nessa história?
Leve uma flor para ela, quem sabe ela não troca uma parede fria de banheiro, por uma doce e perfumada flor de seu jardim.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O peixinho dourado

Quando pequena, nunca soube explicar sobre as minhas dores. Não me lembro de ser daquelas crianças que faziam birra ou ficavam doentes por querer um briquedo novo ou quem sabe um doce antes do almoço. Minha dor de querer, era de pessoas que eu amava e precisava ter ao meu lado.
Quando era criança, não soltava da saia de Maria um minuto, não que isso tenha mudado muito, enfim. Quando ela cozinhava, eu costumava chegar bem de mansinho atrás dela e enfiar a cabeça por baixo de sua camiseta. Ela sempre adivinhava quem era e me chamava de peixinho dourado. Isso eu costumo chamar de carinho.

Certa vez, ela precisou fazer uma viagem para São Paulo. Uma de suas filhas ia até Paris e ela ficaria com minhas primas que na época eram pequenas. No 15° dia de sua ausência, eu comecei a adoecer. Não queria brinquedos, não queria comida, doces, nada! Só queria silencio. E era a única coisa que não me davam.
Numa noite de um dia qualquer, fazia muito calor na cidade -como de costume- e minha Mãe me banhava enquanto conversava comigo. Me lembro dessa cena como se tivesse acontecido ontem. Eu disse a ela, que meu coração doía muito e ela sempre tranquila por fora, disse que não era nada. Alguns minutos depois eu me queixei novamente e dessa vez, mostrei o tamanho da dor com as mãos. Antes que ela pudesse responder, desmaiei em seus braços sem me lembrar de mais nada. Clarissa, prima querida que cresceu comigo e presenciou a cena, disse que Mamãe começou a gritar desesperada dizendo que eu havia morrido. Típico dela se descontrolar por qualquer coisa.

Acordei no hospital, com soro e várias outras coisas pelo corpo que não lembro muito bem. Estava sozinha em um quarto, coisa rara de se acontecer hoje em dia e então, comecei a chorar. Nunca gostei de ficar sem companhia e até os 15 anos eu não dormia sozinha. Foi esse choro que chamou a atenção de minha Mãe que estava na porta conversando com o médico. Como bom profissional, ele disse que minha saúde estava impecável, e o motivo do meu mal estar, era a falta da Avó. Passaram 3 dias e eu continuei no hospital. Minha Mãe sempre foi muito preocupada com tudo e ficou ao meu lado o tempo todo. Eu não podia respirar de um jeito diferente que ela já vinha com algum remédio naturéba, vitaminas de beterraba e cenoura, mel... Entre outras coisas. Mas o meu remédio estava longe, e no 4° dia, telefonaram para a cura.

A cena é muito clara em minha mente. Eu estava deitada na cama do hospital olhando para a porta vendo o vai e vem das pessoas, minha Mãe precisou ir até minha casa para pegar roupas e olhar as pessoas passeando lá fora, me deixava mais confortável e acreditando que não estava sozinha. Vi uma sombra se aproximando do lado direito e fui medindo a pessoa dos pés até a cabeça. Quando vi aquele sorriso era como se todas as doenças do mundo acabassem de ser curadas ali mesmo. Era ela!

- Oi meu peixinho dourado...

Comecei a arrancar todas aquelas coisas que colocaram em meu corpo e fui até ela sorrindo, pulando, gritando pedindo que me levasse para casa pois não aguentava mais aquele lugar. Acreditem, todas as dores acabaram ali mesmo, mas ainda sim, não me deixaram ir para casa. Vovó me agradou um pouquinho e prometeu que no dia seguinte estaríamos em casa.
Depois de todos esses anos, eu ainda não aprendi a explicar minhas dores, mas aprendi a controla-las. Até porque, o meu remédio não está em outra Cidade, outro Estado nem País. O que eu quero só pode ser visto através de uma estrela. E pela manhã, quando as borboletas passeiam pelo jardim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O beijo das estrelas

Todos os dias eu tenho aproveitado a ausência das nuvens.
Minhas estrelas são a única companhia que tenho essa noite. Fecho os olhos por alguns minutos e apenas sinto os beijos cálidos que elas me oferecem todas as noites para por fim nessa saudade constante.
É pouco provável que eu recuse qualquer coisa das estrelas, mas eu não posso aceitar beijos de consolo. Sendo assim, elas me perdoam.

Sabendo que o único beijo que me faria cantar -agora- está distante sentado em uma varanda qualquer...

Quando Alpha se foi

Em uma constelação, há sempre uma estrela que brilha mais do que todas as outras. A estrela Alpha.
Todos os dias quase de noite, eu corro até o portão para ver a primeira estrela chegar: Sírius, a estrela mais brilhante no céu noturno.

Nos últimos dias, fui presenteada com uma estrela Alpha só para mim. Mas se bem que, ou eu acreditava que tinha, ou eu não teria nenhum de seus raios zelosos. Como fabrico meus próprios sonhos e gosto disso, prefiro pensar que tinha. Minha Alpha, além de emitir luz própria, podia iluminar meus dias também. Não era egoísta, não ficava com o brilho todo só para si, sua luz era infinita. E além de me presentear com sua presença, me iluminava também com palavras afinal, presentear é iluminar. A estrela não se cansava de iluminar meus dias cinzas, e seus elogios eram tão intensos e inacabáveis quanto seu brilho. Um dia que talvez fosse comum para muitos, para mim era azul e quente. A estrela me presenteava com sorrisos e risadas que eu adorava, mas escondia a satisfação e guardava dentro do peito só para mim. Ao contrario dela, eu fui egoísta. E apesar de todo sentimento que eu tinha pela estrela, eu não a elogiei como merecia, e ela se foi...

Hoje, essa estrela não ilumina mais minhas noites. As madrugadas são frias, eternas... E suas palavras doces já não fazem brotar flores em meu jardim. Meu único consolo é ver Sirius no céu, mas o dia passa tão lento ultimamente, que quando ela chega para suprir um pouco da minha dor, seu brilho não é o suficiente.

Todo ano, a estrela Sirius se alinha ao cinturão de Órion, mais conhecido como "As três Marias" Isso acontece em toda noite de natal, mas poucos conseguem ver, pois estão ocupados demais vendo a chegada do tio gordo que se veste de papai noel.
Todos os anos eu vejo o meu espetáculo particular no céu de Dezembro. Mas ainda é Fevereiro, e penso se vou sobreviver até lá sem a minha estrela, para presenciar o show de magica que poderia ser só nosso.

I will miss

Sentirei sua falta, mas entendo o fato de não conseguir esconder algo que ainda machuca seu coração. Ninguém é tão bom em disfarces como eu, por isso deixam dar nas vistas. Enquanto aqui, escondo as dores e as faltas dentro do mais sincero sorriso. 
Algo em você não está aqui. Tudo em você se perdeu de mim. Uma princesa tem tudo o que quer? Pois ela pode ficar com o seu coração. Prefiro o isolamento a amar alguém tão infeliz em seu egoísmo.

Eu diria que mais um dia sem você, eu poderia morrer. Mas não. Talvez seja melhor assim.

See you in Paris


Não pense no descaso. Pense menos ainda em jogos de mistério.  Não é fácil acreditar que eu poderia ser sua. E o fato de acordar com uma canção que exprime seus sentimentos me faz perceber que o paraíso existe e que podem tira-lo de mim. Me perdoe por ser cautelosa demais, sua pressa as vezes me faz respirar. É tão triste te ver desistir.

Mais triste ainda é te ter longe de mim...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Liberdade

Eu caminho por ai vendo e ouvindo coisas e cada vez mais tenho certeza de que nada mais pode machucar meus ouvidos. Pergunto-me sempre até quando vou me fingir assim; rocha. Fingir o que não sou...
Até quando garota, você irá selecionar as pessoas com quem deve conversar tranquilamente e mostrar toda essa sensibilidade que habita suas palavras que vem de dentro.
Certa vez disseram que eu devia passar por cima de tudo que me causa trauma. As coisas nunca acontecem duas vezes comigo, porque eu não permito que tenha uma segunda vez.

Se lembra quando você era pequena, e um cão avançou em você, te causando pânico e arrancando seu sangue? Você era só uma criança e gritava sentindo as mordidas pesadas de 500 toneladas do cão raivoso. Agora me responda: Depois disso você se permitiu brincar com um cão amoroso que só queria fazer uma festa ao você chegar? Não... Já se passaram quase 15 anos, e você continua com medo de cães...
Se lembra quando te prometeram o céu? Lembra quando disseram que você poderia ser a dona das estrelas e de todos os planetas que estavam em volta delas? Te fizeram acreditar que o universo era seu e o tiraram de você sem deixar uma constelação sequer. Você se permitiu amar outra vez? Não... Já se passaram quase 4 anos e você continua com medo de se apaixonar...
Se lembra quando você viu aquele sorriso, e o colocou em cima de um pedestal? Durante quase 5 anos você se alimentava de um sorriso que mal podia desfrutar. Só podia admirar de longe. Se contentava em vê-lo sorrir mesmo que não fosse pra você e, no minuto seguinte, caia em lágrimas. Depois disso, você se deixou derreter por algum outro sorriso? Não... Já se passaram 3 anos e você continua com medo de amar...
Se lembra quando te disseram que tudo ia acabar bem? Que era só uma gripe e logo ela estaria de volta? Os dias passavam e ela não voltava pra casa. Passaram meses e te fizeram acreditar o tempo todo, que era só uma maldita gripe. Você esperava ansiosa por aquele sorriso e a autoridade que os olhos desmentiam. Mas as únicas coisas que te trouxeram foram um atestado de óbito e sua boneca. Depois disso, você acreditou nas pessoas? Não... Já se passaram 11 anos e você continua com medo de acreditar em alguém...

Entenda garota... Existem pessoas, e existem pessoas como você, que não se deixam levar duas vezes. Sei que as coisas te doem mas por que não deixar uma segunda vez acontecer mesmo que não tenha cicatrizado a primeira ainda?.Até quando vai barrar seus sentimentos para coisas que supostamente você acredita que vão te magoar?
Garota... Por que você não se permite viver? Ninguém precisa ser forte o tempo todo. Todos nós precisamos de um colo para descansar... Mas o que os impediriam de fazer denovo? Um sorriso bonito? Beleza? Inteligência, delicadeza... Isso eu consigo fingir facilmente... Todos conseguem. Aprendi isso depois que um garoto incrível me disse que as pessoas podem fingir suas qualidades, mas nunca seus defeitos. Por que não se apaixonam pela indelicadeza, curiosidade, falta de educação ou por as coisas que negam até iniciar uma discussão? Por que tem que dizer tudo o que eu não quero mostrar?

Não sei até quando vou colocar empecilhos em tudo o que eu poderia sentir. Também não sei quando vou permitir que as pessoas conheçam a sensibilidade que habita em mim, diferente dessa ausência de sentimento que eu insisto em mostrar. Mas uma coisa eu não consigo negar. E mesmo que tentasse muito com todo meu coração camuflado eu jamais seria capaz de esconder. A única coisa que me confortaria agora seria um abraço seu. Mas eu teria que caminhar 600km até encontrar esse sossego.

Amor de metrô parte III (O início)

Semanas haviam passado tão depressa quanto os 60 minutos de um horário de almoço. E mais uma vez ele estava lá. O garoto que a algumas semanas havia sofrido uma desilusão amorosa de metrô.
Já não pensava tanto nisso, mas as vezes os fleches daquela cena perseguiam seus pensamentos -tão pouco que ele nem se lembrava no minuto seguinte- Aquele velho banco por incrível que pareça, nunca ficava ocupado e foi ali que ele se acomodou.

Dessa vez, ele lia um livro, era "Feliz ano velho" e parecia muito concentrado. Se movia pouco e as vezes surgiam sorrisos com o canto dos lábios em seu rosto. Coçava a bochecha esquerda, e seus olhos brilhavam enquanto acompanhava as letras da pagina. Com o tempo, ele aprendeu a não observar tanto as pessoas ao seu redor, tinha medo que algo acontecesse com seu coração, como aconteceu da ultima vez.
Ele usava uma bermuda escura, um tenis encardido, e uma camiseta branca do filme Laranja Mecânica.
Enquanto lia o livro, mexia nos lábios com as mãos e balançava as pernas involuntariamente. Parecia nervoso, mas era a pessoa mais tranquila daquele lugar.

Ele sentiu uma mão fria em seu ombro, e como estava muito concentrado, demorou cerca de 3 segundos para levantar o olhar e ver quem era o maldito que havia interrompido sua leitura.
Quando levantou os olhos, não podia acreditar no que via, suas mãos começaram a suar e ele não podia esconder a surpresa em seus olhos e nos lábios que mostraram um leve sorriso.

- Feliz ano velho é? Gosto muito desse livro...

Sem nenhuma ideia de reação, ele a puxou pelo braço e deu um beijo em seu rosto como se fosse a única oportunidade. Sim, era a garota da estação. Ela se assustou no inicio, mas reagiu calmamente e acrescentou:

- E Laranja Mecânica é meu filme favorito.

Ele sorriu, olhou no relógio, 18:18 hrs. Não havia dito nada ainda a garota pois não acreditava no que estava acontecendo. Derrepente voltou ao seu estado normal e prontamente ofereceu seu acento a garota. Ela agradeceu, e disse que cabiam os dois. Ele ficou com medo no inicio, talvez alguma palavra poderia estragar o momento. Ficou com medo que ela vomitasse as palavras. Mas quando ela começou a falar, pareciam flores brotando de seus lábios. Ele havia se apaixonado ali. Mais uma vez.

Como no "primeiro encontro"as horas foram passando, até a estação se esvaziar. Eles conversavam sobre tudo e tiveram até uma discussão saudável: Ele dizia que Al pacino era melhor que Robert de Niro e ela achou aquilo um absurdo, mas logo concordaram que a atuação dos dois são impecáveis.
O vagão chegou, e ela se levantou.

- Você vem comigo?

Ele sorrindo, segurou sua mão. Ela já não descansava a cabeça em uma janela, mas sim, no ombro dele.

A timidez de ambos parecia não existir mais, e ele até brincava com os cabelos da garota. Ela continuava com a cabeça apoiada e sentia o calor de sua pele. Conversava com os olhos fechados e parecia guardar cada palavra que ele dizia. O timbre de sua voz era calmo e sonolento, ela adorava voz sonolenta.
Ele então, se lembrou do garoto que a esperava na catraca da ultima vez. Gentilmente levantou a cabeça da garota e disse que alguém poderia se zangar se os vissem juntos.
Ela, sem entender perguntou:

- Quem?

Ele então, contou toda a história, desde o inicio. Contava tantos detalhes que parecia ter acabado de acontecer. Ela sorriu e disse:

- Então foi isso que te impediu de colorir meus dias?

Ele então respondeu meio confuso:

- E parece que mais uma vez, vão te tirar de mim... Pode ir, eu desço na próxima estação, não me importo de voltar caminhando, só não aguentaria aquela cena novamente...

O trem parou. Ela só tinha alguns segundos. Se levantou rapidamente, pegou suas coisas e deixou um beijo com ele. Com um sorriso nos lábios, disse com toda a felicidade do mundo:

- Aquele é meu irmão, ele sempre vem me buscar. Nos veremos amanhã, no mesmo lugar certo? 
Se você soubesse o quanto eu já te adoro... Se você soubesse o quanto eu poderia te amar, seria incrível...

Ela correu. A porta se fechou. E ele continuou sentado pensando no beijo e nas palavras do seu amor do metrô. Não se importou em andar algumas quadras, já que havia perdido a estação.
Puxou a gola de sua camisa que ainda estava aquecida pelo rosto da garota, e pôde sentir seu perfume.

- É... Vai ser incrível... Disse ele sorrindo.

Amor de metrô parte II

Estação santa cruz, 18:18 hrs. O garoto olhou para o relógio e sorriu.
Ele gostava de brincar com as horas. Sempre que olhava para o relógio, as horas e os minutos estavam iguais. Estava sentado no mesmo banco de sempre, e desde que chegou não conseguia olhar para o lugar onde havia visto a garota magra de bochechas rosadas.
Não conseguia tirar da cabeça a cena que havia apagado todos os detalhes de sua garota da estação. Se perguntava o tempo todo: "Por que fui tão ganancioso?" Ele poderia ter ido devagar, mas foi com muita sede ao pote, queria mais, e ficou sem nada. Nunca mais havia visto a garota, e também, não sabia porque estava tão intrigado com a aquilo... "É só uma garota, não a minha vida" Ele nem a conhecia, e decidiu não pensar mais nisso...

Já haviam passado semanas, e seus olhos sempre se voltavam para o lugar da garota involuntariamente, mas fazia isso pois sabia que não a veria ali. Talvez as olhadas fossem para recuperar os detalhes que aos poucos foram se apagando de sua mente. "Tudo bem." Pensava ele. "Não devo dar tanta importância a isso."

Talvez eu deva contar mais sobre esse garoto... Seu nome era Fellipo, tinha 21 anos, olhos negros e uma pele que qualquer atriz de hollywood gostaria de ter. Apesar de muito bonito, não tinha muita sorte com as garotas, era muito tímido, e os assuntos que o agradavam, não eram os mesmos que agradavam a maioria das garotas cabeças de vento com quem ele se relacionava. Também não fazia muita questão, ele espantava as garotas muitas vezes de propósito, para evitar ter que dizer isso diretamente a elas. Ele gostava de garotas inteligentes, mas nunca as encontrava.

Ele era discreto, não falava muito, mas seus olhos eram espertos. Conseguia observar tudo a sua volta, e era bom em decifrar gestos. Certa vez confortou com uma flor uma senhora que chorava baixinho em um ponto de ónibus. E elogiou o sorriso triste de uma mulher que tentava mostrar ao filho que ia acabar tudo bem, ela sorriu com outra frequência e conseguiu passar mais segurança ao menino.

Ele era o tipo de garoto que não se importava em andar pela rua cantando, e não tinha vergonha de confortar desconhecidos. Mas ele não imaginava que além dele, existia mais alguém que costumava surpreender pessoas.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Amor de metrô parte I

Sentado em uma estação de metrô, como de costume, um garoto avistou de longe uma garota. Parecia não estar ali para o resto da multidão das 18:00 horas, mas também, apenas seu corpo estava presente. Era uma garota magra de cabelos longos e presença séria. Ela usava uma regata branca, um jeans e um ténis encardido. Nas costas, uma mochila preta e nenhuma maquiagem no rosto. Mesmo assim, o rapaz a via tão linda quanto uma borboleta que acabou de sair do casulo.

O vai e vem de vagões continuava, e a garota nem se movia. Parecia não ter pressa. E o garoto, também parecia não se importar em perder o jantar ao chegar tarde em casa. Continuou ali, observando e tentando ler os pensamentos da garota que estava apenas com o corpo escorado na parede fria de uma estação qualquer.

O garoto não conseguia mudar a direção do olhar.  Só o desviava quando alguém o interrompia com alguma sacola batendo em sua perna, mas alguns minutos depois, isso passou a não importar mais. Enquanto isso, os segundos passavam. Minutos, horas, e ele continuava ali, observando. Passou pela sua cabeça o fato de ela estar esperando por alguém, mas ele não se importou. Também pensou que era melhor ir embora. Guardar apenas aquela cena em sua memoria seria perfeito, mas não. Ele continuou ali, medindo cada movimento da garota... Os olhos pelas letras da pagina do livro, a coceirinha em sua bochecha esquerda, o morder dos lábios, tudo! E assim, passaram-se horas. Até que finalmente, a estação esvaziou-se. Para ele, aquelas horas foram segundos... E num piscar de olhos, haviam apenas duas senhoras do outro lado no vagão sentido jabaquara, e os dois corações sem rumo do outro lado.

O rapaz não se importava com mais nada. Ele só a olhava com uma satisfação tão profunda, que se sentia no dever de ir agradece-la por aquilo. Sem que ele pudesse se preparar, ela levantou o olhar. Parecia saber que ele estava ali a observando o tempo todo pois seus olhos foram direto nos dele. Foi um olhar de dois segundos e ele se espantou. Ela deu uma volta pela estação com os olhos, e abaixou a cabeça novamente.
O coração do garoto parecia saltar pela boca, e ele sorriu com timidez.

O trem se aproximou e ela fechou seu livro azul sem nome, sem imagens... sem nada. Discreto, ele entrou no mesmo vagão que a garota, e sentou-se em um lugar onde teria vista privilegiada. A garota, puxou os fones de ouvido da mochila, fechou os olhos, e descansou a cabeça na janela do trem. Ali, ele tinha certeza de que via um anjo dormir. Ficou aliviado por conseguir guardar aquelas imagens sem nenhuma interrupção, e ficou feliz, dessa cena ter se estendido até o sono da garota.

Num susto, a garota se levantou. Havia chego em sua estação, e incrivelmente surpreso o garoto se levantou. Aquela também era sua estação. Ele pensou em falar com ela desde o momento em que a viu escorada na parede fria da estação, mas talvez aquele não fosse o momento certo. Talvez ele pudesse acompanha-la até sua casa, afinal, já era tarde. Mas que pena, já havia alguém esperando por ela na catraca. Ao ver aquilo, o garoto se desmanchou sem conseguir sair do lugar.

Talvez, se ele obedecesse seus pensamentos, poderia ser poupado daquilo. Deveria ter parado quando seu coração disse, mas não. Ele queria mais. Não se contentou em vê-la dormir também, ainda queria mais. Agora tudo o que ele tem, é a imagem que conseguiu apagar tudo o que ele registrou.




Mas quem sabe, essa história não pode acabar melhor. Quem sabe...

Sobre flores, formigas e Vó Didi

Uma estrela branca, considerada quente, tem uma temperatura média de 25 mil graus celsius. Eu fico imaginando o que poderia ser tão quente quanto o calor do brilho das estrelas. Particularmente consigo pensar em muitas coisas. Mas o que sempre me vem a cabeça primeiro, tomando meus pensamentos para si antes de tudo e de todos, é uma Pernambucana de pele morena e olhos negros. 
Ela é uma criatura linda e pode ser tão forte quanto os pensamentos de pessoas que acreditam na lei da atração, o que não é meu caso. Seu nome é Maria. Mas você pode chama-la de Vó Didi.

Dentro de casa, as coisas só funcionam com sua presença. Nada caminha se ela não disser o que é certo ou errado. E acredite, ela está sempre certa, mesmo quando está errada.
Vó Didi é apaixonada por flores. Aqui no quintal existem várias que ela cuida como se fosse um de seus netos. Lembro de uma vez, que formigas atacaram seu jardim, e ela, claro, achou o ninho das malditas.
Todos os dias colocava veneno nas pobrezinhas, pois estavam acabando com suas meninas que enfeitavam a casa. Mas todos os dias, parecia que haviam mais e mais formigas.

Certa vez eu perguntei a Vó Didi: "A senhora não desiste? Elas parecem que não acabam nunca, não morrem nunca!"

E ela sorrindo respondeu: "Ah, vamos ver quem cansa primeiro, elas ou eu."

Não preciso nem dizer quem cansou primeiro, certo?

Vó Didi costuma contar muitas historias de seu passado. Ela sempre se lembra da época em que morava no interior de Pernambuco e as coisas que fazia por lá. Sempre lembra da autoridade de "Mamãe" -como ela a chama até hoje- e a sabedoria de "Papai"

Eu tive o grande prazer de conviver muito tempo com meus bisavós. As manhãs e tardes de domingo durante minha infância, eram sempre alegres. Haviam brincadeiras, muita dança, piadas, jogos de cartas e sorrisos por toda a parte. Era como se eu estivesse no paraíso. Mas que paraíso distante agora...
Hoje em dia eu não vejo tantos sorrisos assim. Não os de verdade. Sinto falta de sorrisos de traduzem o que se sente dentro do coração...
O único sorriso que eu posso me confortar hoje é o de Vó Didi. Quem sabe um dia eu conte uma de suas histórias aqui. Pena eu ter que ir agora, ela está me chamando para ver a nova flor que brotou em seu jardim.
Seria um pecado eu perder o calor de seus olhos ao ver a nova flor.

Fico pensando como seria se o beija-flor deixasse seu jardim adocicado. Quer dizer, como seria se o passarinho voasse para longe do ninho?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

La plus belle avenue du monde

Para ler ouvindo: Moon River - Frank sinatra

Quando uma garota diz que está cansada, o que ela realmente quer dizer, é que precisa de seu colo para se deitar. As vezes penso que gosto tanto de viver um sonho intenso, que tenho medo de acordar pra uma realidade que poderia ser adocicada. Eu posso ver coisas que você jamais conseguiria enxergar, posso mudar coisas simples em seu quarto, que você jamais notaria. Posso ir a Paris e voltar em um piscar de olhos. Seus sonhos, nunca serão como os meus. Sua sensibilidade para as coisas simples é diferente da minha, ou talvez, você nem tenha sensibilidade nenhuma. Eu tenho um lado secreto que você jamais vai notar, a menos que queira realmente conhecer.

Em meu sonho, nossa vida seria o remake de um filme antigo. Você poderia me encontrar em Paris, sentada no banco de uma praça lendo um livro de capa vermelha, e todos os dias se apaixonaria por mim. Você não iria demorar muito para vir e colorir meus dias, teria medo que outro notasse a intensidade de meus olhos. Gentilmente iria pedir para sentar-se ao meu lado, e ali, começaríamos nossa história de amor. Lenta, como deve ser... A cidade seria toda nossa. E a pressa? Ah, ela não faria parte do enredo.

Do lado de fora de um café qualquer na Avenida Champs-Élysées, dividiríamos um vinho caro -aquele que compramos com o dinheiro de pagar as contas- Bêbado e com um sorriso tímido e inteligente no rosto, você diria que eu estava linda aquela noite. Que na manhã seguinte quando seu porre passasse, você ficaria melhor. E eu... Continuaria linda. Diria também que eu era uma ameaça a beleza das deusas gregas. E que com apenas um sorriso, poderia tomar a lua só para mim. Nós cantaríamos para ela a canção dos apaixonados. E ali, seriamos duas metades de uma só alma...

"Moon river, wider than a mile, I'm crossin' you in style some day..."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O ladrão de estrelas

E mais uma vez, andam roubando meus frutos de nebulosas...

Essa ausência inevitável de sentimentalismo anda me sufocando tanto quanto meu excesso de razão.
Eu nem sei mais o que quero! Em um minuto consigo querer você para sempre dormindo ao meu lado num sofá apertado e, no minuto seguinte, deixo a razão me tomar conta novamente.
É tão fácil, para mim, desistir do mundo... Por que eu não desistiria de você?
Por que eu deveria responder todas as suas duvidas agora, se eu posso quarda-las e devolver com um beijo em seu sorriso que eu tanto gosto?
Ontem, quando me deitei para dormir, tinha tudo trabalhado. Quando acordei, haviam bagunçado sem nenhuma dó. Isso me machucou tanto quanto as palavras mal interpretadas por dois corações enganados. Nem minhas estrelas estavam como antes, senti falta de uma e logo a mais bela... As que restaram já não brilhavam só por mim e, hoje, olhando para o céu, não vejo nenhuma.
Temo que alguém tenha roubado minhas estrelas, e com elas o meu coração.

Continua...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Prazer é isso (A Garota e seus casos)


Prazer é acordar com o cheirinho do café da Vovó e ouvir a risada gostosa dela. Eu to com vontade de mais risada, mais coisas que prendam minha atenção e me façam voar pra longe de onde meu corpo está. Sinto falta da época em que eu via algo simples, que parava meu olhar por minutos até alguém me interromper. Hoje as pessoas não tem mais seus casos sexuais. E eu não falo do sexo em si. Falo dos casos que você pode ter com pessoas, com o mundo e tudo o que há nele.

Eu conheço uma alma, que não cedeu a insensibilidade do mundo. Ela tem olhos fortes e um sorriso escandaloso que te faz querer rir. É linda aos olhos de quem sabe ver, e eu não falo de beleza física. Não que ela fique pra trás, mas a beleza dela vai além. Sua beleza é no jeito de falar com as pessoas. Ela não tem pressa com ninguém, e seus elogios gostam de passear e encantar. Gosta de analisar as pessoas. E confesso que tenho uma certa dificuldade em ler alguns olhos. Mas os dela parecem um filme de 5 minutos, onde ela consegue contar tudo sobre seu coração. Ela tem um caso com as pessoas, que ninguém conseguiria ter, e está sempre pronta pra te dizer a coisa certa. As pessoas se privam de muita coisa, ela não. Eu descobri isso a partir do momento que ela mencionou:

"Ah... Eu tenho um caso sexual com as pessoas..."

São muitas partes que formam a obra da garota que te vê no topo do mundo. Ela esbanja sensualidade sem precisar ser vulgar. Presenteia elogios e te deixa com um sorriso tímido no rosto. Te analisa durante dez minutos e te faz acreditar que o mundo é seu. Diz que você é maior que o sol e que tudo vai acabar bem.

"Você é linda em todos os sentidos, pode ser dona do mundo se quiser." 

Ela vê o mundo do outro lado. Ela tem um sexy appeal e consegue despertar isso em você. Ela é o caso sexual que qualquer pessoa gostaria de ter. Ela é o meu caso mais belo... O seu... E o de todos que tem a sorte de a encontrar pelo caminho.



Para minha grande amiga: Gabriela Ribeiro (Gabs Lua) 
Que tem casos sexuais com as pessoas...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Poeira das estrelas

Em cada um de nós há um segredo. O meu é querer descobrir alguém em uma estrela. As estrelas guardam muitos segredos. E sabe que eu até tenho medo que um dia todos possam as ouvir como eu ouço. Tenho medo, pois ela sabe tudo de mim, dos segredos mais íntimos até os mais malucos. 
"Você tem olhos de luar..."
Elas dizem...  
"Não precisamos contar o que seus olhos denunciam..."
E eu que achava que andava ficando tão boa nisso.

As estrelas nunca negam o coração delas e nunca mentem sobre o seu, mas são ciumentas, querem sempre a atenção toda para elas. É arriscado admirar por muito tempo, existem pessoas que conseguem roubar o brilho delas para seus olhos... E ninguém quer que as estrelas deixem de brilhar.
A verdade é que eu quero todas de uma vez em um abraço onde eu possa alcançar constelações e outras galáxias. Queria saber também onde foi que eu tropecei, quando cai nesse mundo errado. Talvez um dia elas me contem... Talvez eu descubra por mim mesma... Ou talvez algum outro me faça descobrir.
Enquanto isso, eu caminho acompanhando as nebulosas, que pela noite podem ser só minhas...

Olha! Ali você pode ver Spica...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entre Você e Eu em: A verdade não é algo fácil de demonstrar.

Eu sempre costumo dizer que nós somos responsáveis por tudo e por todos! Desde ações simples, como um "Bom dia!" a um desconhecido no onibus, até a fatalidade do amor que você pode não retribuir. Você também é responsável pela sua imagem, e pelo que vão sentir em você...

Ele: Tetê... Aquele blog "Sabor da Chuva" é você mesmo que escreve tudo aquilo?
Ela: Tudo. por que?
Ele: Triste... Muito triste. Não parece...
Ela: Jura? Por que?
Ele: Isso eu queria perguntar... Não tem sua cara ali...
Ela: Talvez seja porque você só me conheça no mundo real, onde tenho limites.
Ele: Por que você esconde o que tem de melhor? Tanto amor, tanta ternura e poesia que você limita a um blog que pouca gente sabe que existe. Sabe... aquilo tudo sai dai de dentro. Aquelas palavras são você. Por que não põe pra fora no dia-a-dia?
Ela: Pra que? Iam me chamar de brega... Nem todos tem a sensibilidade que eu tenho e que você tem para entender meus versos pobres de sanidade. É bom continuar com meus limites aqui, enquanto lá eu posso sonhar.
Ele: Brega?
Ela: Sim, brega...
Ele: É lindo Tetê! Não deixa o mundo esconder seu amor e sua sensibilidade. Ali, eu vi uma garota sonhadora, sensível, amável, delicada... Diferente da casca de ferida que eu conheço.
Ela: Eu sei... E é triste pensar que muitos me vêem assim... Mas não posso me mostrar a menina do blog. É só meu medo que não deixa... Se descobrirem que sou sensível assim, vão magoar meu coração de papel. Quero que pensem que sou forte. A verdade não é algo fácil de demonstrar...
Ele: Eu gostei do que vi lá, você escreve muito bem. Tem uma alma linda... Toda arte é a expressão da alma e seus textos são arte, assim como seus desenhos... Não guarde o melhor para você... Transmita esse amor pro mundo! Pro seu mundo. Para as pessoas que estão próximas a você. E o mais importante: Descubra quem você realmente é e quem você realmente quer ser. Só não seja egoísta...



Para meu grande amigo: José Antônio Zaupa Junior (Tetê) 
Que sempre escuta quando minha alma canta.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Baseado em um sonho real

Era um cenário antigo. Meu nariz irritava com a poeira e eu não conseguia dormir. Ele podia me sentir como eu o sentia a muito tempo. Nós éramos tão livres compartilhando sonhos tão longe um do outro...
Dizem que durante o sono, nossa alma fica vulnerável e pode ir exatamente onde gostaria de estar, mas sem nunca se perder do corpo.

Havia uma cama de madeira antiga, um lençol branco estendido e duas almas passeando durante o sono. Não fazíamos ideia de que lugar era aquele, mas sabíamos que estávamos muito longe de casa e, sem combinar nos encontramos lá, numa noite de sonho qualquer... Livres, sozinhos, felizes compartilhando carinho com o olhar. Não haviam sorrisos; apenas dois olhares que brilhavam dentro de um quarto escuro em uma cama de madeira.

Deitados, assistíamos a um programa de televisão qualquer. Com a cabeça sob o peito dele, podia sentir forte o calor de sua pele e os batimentos do coração que aceleravam cada vez que eu acariciava suas costas. Nós riamos em silencio, até chorar. Até que ele deu um sinal... Precisava ir embora. Pegou meu coração e acho que roubou a minha alma... Ele caminhava com a lua e eu observava deitada na cama de madeira. Com os olhos fechados, sentia uma lágrima escorrer.

"Eu faria novamente..."

E antes de concluir o pensamento, uma voz suave diz:

"Abra seus olhos."

Presa nessa cidade assustadora, eu vejo o sol entrar pela janela do meu quarto. E mesmo já acordada, eu podia senti-lo como ele me sentia a muito tempo...

Inspiração ausente

Posso fazer um pedido? Eu sei que faço muitos e você sempre os realiza sorrindo. Mas esse é destinado a um fim particular:
Posso gritar? Quando você chegar, posso?
Eu gosto de gritar, gosto de mostrar a alegria em mim, gosto de mexer com seus sentimentos. Eu posso sentir quando você assiste meu sorriso de longe, você não tem ação e é isso que me encanta... Enquanto você se encanta comigo... Eu me encanto com você, e isso é o que me leva aos poucos a alcançar o seu caminhar.

Mil minutos podem representar um segundo. E um segundo pode representar uma vida toda... É muito relativo. Até penso que estou perdendo tempo as vezes. Mas um segundo é só o que eu preciso pra te fazer sorrir...

Me desculpe pela confusão dos meus versos, não tenha medo deles. Não tenha medo de mim... Não tenha medo do meu mistério. Eu escrevo e nem sei pra quem. Gosto de pensar que essa pode ser a minha história de amor. Será que essa é minha história de amor? Ou será que já a escrevi? Ou ainda vou escrever? Eu gosto de escrever sobre você. Gosto de pensar nos detalhes que compõem seu rosto. Mas por hora é só o que eu posso fazer. Não tenho limite nos meus sonhos, quero continuar falando sobre minha inspiração ausente.

Anda chovendo muito por aqui, e toda noite é sempre igual... Ela chega bem mansinha e depois me assusta toda intensa, violenta e sonora. Estou começando a pensar que isso quer dizer alguma coisa... Mas não vou decifrar a chuva hoje... Por enquanto eu quero dançar e aproveitar o céu que hoje pode ser só nosso. E não! Dessa vez não vou desviar o olhar do céu para as estrelas em seu olhos...

Até porque...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Café da manhã

Para ler ouvindo: Bom dia - Los hermanos

Me desculpe passar dias te observando, mas quero ter certeza que meu armazenamento de experiências vividas parou de brincar comigo. Ou talvez,  seja só mais uma das minhas mentiras metódicas que eu idealizo nos sonhos lúcidos...
Cansei de fantasiar! E quer saber? Eu vou contar o que eu quero...

No fundo, talvez eu seja a mentira. O seu olhar é infinito e você é completo!
Já em mim, falta alguma coisa no sorriso, talvez algo que você esteja escondendo.
Você anda perdido demais, e o que eu posso fazer é te seguir, te inventando e idealizando momentos no escuro, no silencio... Bem baixinho pra não acordar o sindico. Risadas e brincadeiras ficam mais interessantes quando não se pode rir alto. E é tão gostoso falar "shhh" com um beijinho nos lábios risonhos.

Eu cansei de dormir sozinha, eu tenho medo... Não quero mais aquela rotina chata que parece insistir em me amar pra sempre todos os dias de MINHA vida. Eu quero ver desenhos nostálgicos com alguém que goste também, e que possa rir com a inocência de uma criança. Quero risadas sinceras e elogios sobre meu cabelo bagunçado e minha cara amassada do travesseiro.
Quero dormir com a sua camiseta e ouvir você dizer sorrindo que não quer que eu a tire tão cedo, pois quer deixar pegar bem o meu cheirinho para sentir quando estiver longe de mim.

Essa realidade seria tão doce, mas é só minha imaginação brincando comigo de novo. Eu já me acostumei.
Até porque; só o que eu tenho pela manhã é um jornal de ontem, onde as noticias são mais interessantes que minha vida e as flores que eu colho quando volto do trabalho para enfeitar a mesa.
Eu reflito sozinha todas as manhãs sobre a mesma coisa: A solidão é doce, amargo é esse café, eca!

Eu quero mesmo é acordar com uma canção...
Tenho essa urgência de acordar de sonhos bons e continua-los no primeiro abrir dos olhos.
Hoje em dia, eu levanto de manhã para comprar pão, antes só fazia isso em ultimo caso, e mesmo assim ia de carro.
Hoje eu caminho até a venda da esquina e volto colhendo flores.
Aprendi que minhas manhãs podem ser mais coloridas e agradáveis até o dono da camiseta chegar...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Eu quero sua vida com Royal Flush

Bom mesmo seria se eu pudesse acertar todas as vezes, mas eu insisto em pegar o único caminho que me afasta de você. Se você chegasse agora, chegaria no momento errado talvez... Eu preciso me consertar por dentro para estar pronta pra você, eu nem mesmo arrumo minha cama de manhã...
A verdade é que o tempo não se importa... Corre num ritmo enlouquecedor que me faz ter que engolir meu limite e ir além dele. Bom mesmo seria se eu pudesse apostar minha vida com Royal Straight Flush na mão, e ganhar a sua... É praticamente impossível, mas isso acontece pelo menos uma ou duas vezes na vida.

Me pergunto sempre como vim parar nesse mundo, onde telefonemas, carinho e um pouquinho de afeto são disputados a tapas por pessoas carentes de atenção. Eu tenho essa urgência de viver, essa pressa de sentir e ser sentida. Não adianta oferecer sufoco ou impulso, eu quero seu colo para dormir, quero seus dedos massageando e brincando com meus cabelos, quero você me levando até a cama quando eu dormir no sofá.
Eu quero mais sorrisos de manhã, abraços e beijinhos para acordar, mas o que tenho ultimamente é o barulho irritante do despertador e gritos alucinados de crianças se aprontando para ir a escola.
 

Eu quero um cheiro no pescoço que provoque o fechar dos olhos involuntário...
Eu quero viver para sempre um sonho lúcido incansável que me faça sair na rua presenteando sorrisos e risadas e quem sabe até abraços, mesmo correndo o risco de ser chamada de louca ou levar um safanão.
Eu quero mais, eu quero mais do mundo, quero mais de mim, de você, dele, dela...
Quero que pelo menos uma vez, meu coração tome conta da razão e me leve aonde tenho que ir.
Quero compartilhar almas sorridentes que se derretem mais com uma flor colhida de ultima hora do que com um buquê comprado acompanhado de um cartão com corações imprimidos.

Ah... como é bom sonhar por alguns minutos aqui...
Mais uma linha, mais um cigarro... Mais um gole no café e o suspiro de alguém que tem sede de respostas inesperadas e elogios delicados.
Talvez tudo isso possa um dia ser o meu fim. mas se esse fim for a minha chave para a porta do paraíso, eu aceito perder o controle de mim e me deixar levar sem razão.
Vou me lembrar para sempre que fui mais do que todas as outras e dizer:
- Está vendo este coração aqui? Viveu uma história linda de borboletas no estômago. Brancas, azuis, amarelas, violetas...

Ego

Enquanto fujo dos minutos
O garoto foge de suas coisas semi-confusas
Talvez eu tenha subestimado meu poder de persuasão
Talvez tenha sido capricho
Quem dera eu pudesse fugir para outro mundo
E viver a realidade do sonho bom
Quem mandou cativar?
Ele veio e me fez fantasiar
Eu reconheço aquele olhar
Quando as pálpebras se abriram
Trouxe toda luz para quem não queria enxergar
Ele quis algo, e eu dei
Mas o capricho o fez voltar atrás
Você subestimou seu poder
E escolheu uma prosa adocicada
Me lançou vulnerável e conseguiu suprir
Mas escolheu ser ruim
E eu... escolhi te inventar sem chorar

Entre Você e Eu

Ele: Eu gosto de animais, é por isso que falo com você...!
Ela: Claro, eu sou uma gata!
Ele: Não, você é uma borboleta...
Ela: Por que?
Ele: Porque trás cor por onde passa, e pode voar...