Dentro de casa, as coisas só funcionam com sua presença. Nada caminha se ela não disser o que é certo ou errado. E acredite, ela está sempre certa, mesmo quando está errada.
Vó Didi é apaixonada por flores. Aqui no quintal existem várias que ela cuida como se fosse um de seus netos. Lembro de uma vez, que formigas atacaram seu jardim, e ela, claro, achou o ninho das malditas.
Todos os dias colocava veneno nas pobrezinhas, pois estavam acabando com suas meninas que enfeitavam a casa. Mas todos os dias, parecia que haviam mais e mais formigas.
Certa vez eu perguntei a Vó Didi: "A senhora não desiste? Elas parecem que não acabam nunca, não morrem nunca!"
E ela sorrindo respondeu: "Ah, vamos ver quem cansa primeiro, elas ou eu."
Não preciso nem dizer quem cansou primeiro, certo?
Vó Didi costuma contar muitas historias de seu passado. Ela sempre se lembra da época em que morava no interior de Pernambuco e as coisas que fazia por lá. Sempre lembra da autoridade de "Mamãe" -como ela a chama até hoje- e a sabedoria de "Papai"
Eu tive o grande prazer de conviver muito tempo com meus bisavós. As manhãs e tardes de domingo durante minha infância, eram sempre alegres. Haviam brincadeiras, muita dança, piadas, jogos de cartas e sorrisos por toda a parte. Era como se eu estivesse no paraíso. Mas que paraíso distante agora...
Hoje em dia eu não vejo tantos sorrisos assim. Não os de verdade. Sinto falta de sorrisos de traduzem o que se sente dentro do coração...
O único sorriso que eu posso me confortar hoje é o de Vó Didi. Quem sabe um dia eu conte uma de suas histórias aqui. Pena eu ter que ir agora, ela está me chamando para ver a nova flor que brotou em seu jardim.
Seria um pecado eu perder o calor de seus olhos ao ver a nova flor.
Fico pensando como seria se o beija-flor deixasse seu jardim adocicado. Quer dizer, como seria se o passarinho voasse para longe do ninho?
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