Nunca entendeu o hábito que o planeta fingiu de se agarrar em uma veste branca de réveillon, por isso ela se agarrava ao vermelho. Não pela paixão; mas apenas por gostar da cor que usava o ano inteiro. Por saber que nela já havia cor e como havia... Até as mortas tinham vida e como tinha.
Ela usava o vermelho, só por saber que a cor branca representava tudo o que não se colocava em cena.
Nunca entendeu o amor do mineiro, mas quando pedia com sentimento profundo: "- Não me solta nem me aparta, só me deixe ser parte do teu interior." Compreendia o que era amor de verdade:
- Você já está bem forte dentro de mim. Você está aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
E sem arredar os olhos dele, ela apenas sorria nos detalhes do corpo que ele apontava:
- Você está aqui. Dizia colocando a mão aberta sobre o peito.
- Aqui. Enquanto esfregava os olhos.
- Aqui. Segurando levemente as mãos dela sobre os lábios.
- Aqui. Aquecendo o nariz contra o dela como os esquimós.
- E aqui.
- Onde? Perguntou com a voz suave bem próxima aos ouvidos do mineiro.
- Aí. Respondeu ele.