sábado, 15 de janeiro de 2011

Seu sorriso, amigo do sol

Você estava ali, sentado num canto quase que invisível aos olhos alheios e parecia estar todo para mim.
Era manhã e você tinha um rosto sonolento que eu tanto gosto. Vestia uma blusa folgada, um jeans escuro apertado e um tênis branco encardido, parecia que não queria mesmo ser notado. Lia um livro com tanta intensidedade, que parecida mergulhar.
Observei seus olhos passeando pelas letras com um olhar de concentração e eu mal podia ver seu rosto, pois o vento jogava seus cabelos castanhos lisos sobre o rosto.
Você parecia não se importar, só queria continuar sua leitura.
Marcou a pagina cautelosamente e fechou o livro guardando dentro de sua mochila onde pegou um cigarro.
Deu uma olhada rápida ao seu redor, e olhou para baixo com a fisionomia pensativa.

A maneira como se movia me encantava a cada simples gesto... O modo como levava o cigarro até a boca e soprava levemente a fumaça me carregava junto aos seus lábios vermelhos que se contraiam de lado.
Você mordia os lábios e balançava as pernas em sinal de impaciência.
Eu via ali um garoto com roupas apagadas que só queria ir para casa com seu rosto sonolento.
O sol caminhou e a telha que protegia seu rosto dele já não servia mais.
Então num olhar apertado contra o sol, enrugou a testa e abaixou a cabeça.
Fazia frio e você tremia sem poder disfarçar.
O sol era seu único abrigo, e o fato dele iluminar ainda mais seu rosto e suas bochechas coradas parecia não o incomodar muito.

Não queria mesmo ser visto, mas tudo em você discretamente chamava a atenção para quem sabia apreciar uma beleza de verdade. Não usava roupas estravagantes. mas seus olhos lançavam chamas por onde passava.
Até o gesto de descruzar a perna para cruzar outra era bonito em você.
Seus movimentos eram todos cuidadosos, suaves, como a fisionomia em seu rosto.
Parecia ser pacifico, sereno, mas se via pelo seu olhar sua personalidade forte.
Eu observava enquanto levava o cigarro até a boca e soprava suavemente a fumaça.
Alguém o chamou, e num susto, você voltou seu rosto para cima.
A luz do sol bateu novamente, e dessa vez, pude ver o sorriso que você escondia...
Se já era iluminado, o sol fazia sua parte.

Acenou não tão efusivamente, e voltou seu olhos para baixo.
Era incrível como em cada segundo você sabia como ficar cada vez mais irresistível com seu jeito menininho de olhar fixo e marcante.
Eu não sei como conseguiu ser incrivel em poucos gestos, também não sei como prendeu minha atenção, só sei que registrei essas cenas em minha memória, e as joguei em uma tela com um pincel...
Posso ver seu sorriso todos os dias.
E o olhar do garoto de roupas apagadas e fogo nos olhos...

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