domingo, 1 de maio de 2011

O Garoto que escreve em muros


... Então, ouve-se um suspiro!
E ele, que tinha tantas cores nas mãos, hoje se vê em preto e branco.
Ele que tinha a arte de colorir, hoje não vê as cores em alguém.
No bolso carrega a carta que nunca entregou a ela.
E ali, bem no entardecer, quando consegue ver as cores do céu à flor da pele, escreve os poemas que vê em alguém único em sua existência. Nas paredes onde contornava desenhos sujos, escreve o que o mundo precisa para ser feliz. Ali, onde o preto e branco lhe roubam as cores, escreve nos muros da cidade tudo o que seu coração guarda e não deixa sobressair.
A luz fraca que quase ilumina o quarto, salienta a sensação da poesia que habita em seus olhos. Seu coração suga apenas o que lhe convêm. Desenha mentiras sinceras do mais profundo arrependimento. 
Em seus olhos? O profundo peso do mundo, onde apenas Carlos Drummond de Andrade era capaz de decifrar melhor que suas palavras fracas. E assim, ele distribuiu poesia nas ruas de São Bernardo do Campo. Onde suas canções são reconhecidas por pessoas tão cativas quanto O Garoto que escreve em muros.



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Foto (Que me deu ar aos pulmões e me levou a escrever) Por: Bruno Santos (Nom) 
A grande inspiração a quem dedico este texto.

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