Para ler ouvindo:
Enquanto suave a moça passava, uma estranha a observava zelosa num caminhar sempre tranquilo.
A estranha parecia sentir o que o coração da moça chorava.
Parecendo ter tudo planejado a estranha se aproxima, enquanto a moça lê um livro em uma sala...
A moça não esperava qualquer interrupção, mas a estranha oferece os fones de ouvido sem nada dizer e escolhe uma canção: A canção que mudaria seu dia, quase no fim para melhor.
Sentada ao seu lado a estranha observa a moça confusa apreciar a melodia, então, a estranha sai da sala e a moça põe-se a mergulhar na canção. Sem esperar abre um sorriso em seu rosto, pois uma estranha faz de seu dia monótono, quase no fim, um dia fresco como o odor das flores.
No exato momento em que a canção acaba, a estranha entra na sala. Era um andar meio desengonçado, talvez tímido. Gestos inquietos não disfarçavam o nervosismo nem mesmo em seus olhos, e que olhos...
Olhos que as lentes escondem... Apenas uma pessoa muito intensa poderia enxergar através da barreira transparente por incrível que pareça. E o sorriso...
Sorriso de criança girando no ar. Tinha o brilho que um poeta contempla.
A moça inquieta de curiosidade pergunta o porquê da música, elas mal se conheciam, por que o gesto de melhorar seu dia sem saber? A estranha levanta-se e diz:
- Eu explico depois, pode ser?
Por que explicar depois? Pensa a moça. Me mata de curiosidade, ai meus pecados...
- Diga ao menos de quem é a bela canção!
E sem ouvi-la a estranha se retira.
Minutos depois, a moça se levanta, estava cansada de tanto ler e resolve se refrescar um pouco.
Se retira da sala e a estranha passa pela moça, despercebida.
Se retira sem desviar o olhar do chão, e volta a sua sala. Quando a moça retorna ao seu lugar, repara em um bilhetinho escrito:
"Lisztomania
por Phoenix."
A estranha consegue outro sorriso espontâneo da moça.
- O que ela quer?
Quem pensa que é para me arrancar os poucos sorrisos que tenho assim?
Diz a moça em pensamento. Mais alguns minutos se passam e a estranha aproxima-se:
- Viu o bilhete?
E a moça tranquila responde:
- Sim...
A estranha inquieta, não podendo esconder o nervosismo diz:
- Procure a tradução.
E a moça, tentando ler os olhos da estranha que parecem querer engolir o que olham, repete:
- Sim...
E não aguentando de curiosidade questiona o porque da música.
A estranha, mostrando-se mais nervosa ainda, responde com receio:
- Impulso.
Sem querer ela adivinhou o que a moça mais apreciava. A moça sorri com olhos brilhantes, pede com eles que alivie suas dores, que console o coração magoado, que traga musicas todos os dias, que a presenteie com aromas musicais, que traga notas coloridas: dó, ré, mi, fá...
A moça que sempre se mostrou tranquila, num segundo se mostra inquieta, leva até a mão da estranha um papelinho, bem pequenininho, amassado e com ele seu sorriso.
No papel dizia:
"Sua música melhorou meu dia."
A moça não a viu ler, a estranha era muito tímida para abri-lo em sua frente e se retirou sem olha-la, jamais soube sua reação ao ler e ver que salvou um dia tristonho, mas deve sentir o coração com a intensidade que só as duas tem. Aquele gesto, jamais saíra dos olhos da moça, a tristeza cessara e ela pôde voltar a sorrir com lábios cantantes:
"Lisztomania, think less but see it grow... ♪"
Será que a estranha lê pensamentos? Se lê, pode ler o meu agora em algum lugar...
E se achares, traga-o de volta com uma canção qualquer...
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