quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trinta minutos

                                                                      I

Não foi difícil me conter. Mas também, nem queria mesmo ser brecada.
Foi numa dessas tardes de terça-feira que soltei a coleira do meu pensamento e deixei ele rever a saudade. Deixei pois não há nada para fazer em trinta minutos de bobeira onde você apenas queima cigarros e espera a hora de voltar a ter aquela sensação de ser insignificante.
Trinta minutos podem te matar facilmente e, acredito que pessoas como eu, deveriam mesmo morrer.
Eu me assumi capaz naquele momento. Deixei aquele-pobre-coitado ir pois tinha conhecimento da estabilidade em mim. Tinha enfim, uma certeza particular sobre estar só e se perder. Eu jamais deixaria entrar em mim palavras que sondariam minhas artérias. Foi por isso que assumi de um jeito que julguei impossível quando a sensibilidade estava estampada em cada poro do meu corpo. Assumi de um jeito aparente e coerente. Assumi isso e parei de me perder mesmo que numa xícara de café tão pequena com uma porção doce de creme.

                                                                  II

Era estranho... Choravam ao meu lado e eu apenas estava lá, sentada com os olhos fundos mirando alto, bem alto. Tão elevada quanto meus pensamentos remotos, nulos, pois o mais aparente estava matando seus próprios sentidos.
Não pensava muito nele, meus trinta minutos eram cuidadosamente aproveitados e resumidos em breves  pensamentos dispersos como:
"Adoro quando o céu fica cor-de-rosa. Ele veste com criatividade o limite da natureza humana em nuvens brancas, tão diferente do meu nitidamente acessível. Eu posso tocar as estrelas tolinho, me diga qual você quer e eu trago até você. Quer Rigel? Quer Canopus? Capela? Vega? Quer Sirius?"
Não, eu não estou aberta para iluminar. Estou apenas esperanto o momento em que minhas cores vão saltar assim que meu juízo desajuizado voltar, mas desta vez, não vou consolar, vou apenas dizer adeus...
Enfim, perdida em tantas constelações pude ver bem exausto ele se aproximar.
Quando o pensamento voltou, trouxe desespero e mais uma companhia incontrolável, mas eu fechei a porta.
- Se quiser ocupar meus ossos novamente, terá que jogar o meu jogo, terá que seguir as minhas regras. Se quiser voltar, traga esquecimento.
Ainda olho para o céu esperando ver a cor-de-barata que tinham suas asas, a mesma cor que tem em meus olhos. Mas enquanto ele não volta, assim seguro, eu fico imaginando como é sentir saudade de alguém que te tem de alguma forma, mas não desperta nenhum sentido na palidez de um rosto que já foi rosado.



Curiosos são esses olhos cor-de-barata.
Gabriela diz que tenho olhos cor-de-barata.
Curioso, tocar estrelas?
Zaupa sabe que posso toca-las.

Um comentário:

Michelle disse...

mt bom, to seguindo :D