terça-feira, 31 de maio de 2011

Você é a única flor que eu carrego comigo

- Por que você não me solta?
- Olha, as vezes é preciso digerir muitas trilhas amargas até alcançar aquela musica que te faz aumentar o som. As vezes, é necessário sacrificar muitas lágrimas até o momento de brindar sorrisos, mesmo que sejam aqueles onde você apenas move os lábios e desvia o olhar antes que percebam a mentira estampada em cada poro do seu corpo.
Um sorriso pode te manter acordada e, a coleção de fragmentos de uma noite de sono mal dormida, são apenas rascunhos de tantas canções espalhadas pelo rosto que não escrevem metade do que a boca precisa cantar.

As pessoas tem desejos. O mundo tem. As estrelas tem necessidade do meu olhar, e isso me faz pensar que eu posso ler a certeza de um dia viver com seus dedos entre os meus.
Eu espalho olhares dilatados de mentira, mas só quando me perguntam se estou bem.
É natural falar sobre alegria mesmo que eu não tenha ideia do que esteja acontecendo.
É natural ouvir os comentários saborosos sobre paz mesmo que isso não faça o menor sentido para mim.
Mas perguntar se estou bem: Ah, isso você nunca deve tentar.
É arriscado provocar a paz das pessoas, é por isso que eu nunca solto a mão do meu equilíbrio. É por esse motivo que jamais permito que minhas palavras saltem de um jeito impossível de controlar.
Você não seria capaz de digerir todos os meus sorrisos que abrem a porta do fundo da minha alma onde os lábios nem mesmo se movem. Não seria capaz, pois meus defeitos, mesmo sendo tão imersos as minhas qualidades, são demais para pessoas vazias que tratam do amor como adrenalina.
Não te solto, pois você é a ultima peça que falta para que eu possa completar as necessidades que cada lote do meu corpo pede.

Meus olhos brilham, mas não pense que é por completude natural. Brilham porque vivo a ponto de chorar e as vezes, é muito difícil conservar os lábios imutáveis. Quando eles querem expelir palavras, vão acompanhados por voz tremula que chora sem se deixar levar. É por isso que meus olhos ofuscam o brilho da lua, é porque mostro a você só o que há de mais belo em mim e, em tempo nenhum, deixo transpor aquele capricho que tenho de caminhar cada vez mais rápido até meu paraíso particular.
Não te solto, porque você é o que sustenta a esperança em meu rosto tão cansado do planeta terra.
Não solto, pois sorrir é o que defende meu rastro de fragilidade invisível.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trinta minutos

                                                                      I

Não foi difícil me conter. Mas também, nem queria mesmo ser brecada.
Foi numa dessas tardes de terça-feira que soltei a coleira do meu pensamento e deixei ele rever a saudade. Deixei pois não há nada para fazer em trinta minutos de bobeira onde você apenas queima cigarros e espera a hora de voltar a ter aquela sensação de ser insignificante.
Trinta minutos podem te matar facilmente e, acredito que pessoas como eu, deveriam mesmo morrer.
Eu me assumi capaz naquele momento. Deixei aquele-pobre-coitado ir pois tinha conhecimento da estabilidade em mim. Tinha enfim, uma certeza particular sobre estar só e se perder. Eu jamais deixaria entrar em mim palavras que sondariam minhas artérias. Foi por isso que assumi de um jeito que julguei impossível quando a sensibilidade estava estampada em cada poro do meu corpo. Assumi de um jeito aparente e coerente. Assumi isso e parei de me perder mesmo que numa xícara de café tão pequena com uma porção doce de creme.

                                                                  II

Era estranho... Choravam ao meu lado e eu apenas estava lá, sentada com os olhos fundos mirando alto, bem alto. Tão elevada quanto meus pensamentos remotos, nulos, pois o mais aparente estava matando seus próprios sentidos.
Não pensava muito nele, meus trinta minutos eram cuidadosamente aproveitados e resumidos em breves  pensamentos dispersos como:
"Adoro quando o céu fica cor-de-rosa. Ele veste com criatividade o limite da natureza humana em nuvens brancas, tão diferente do meu nitidamente acessível. Eu posso tocar as estrelas tolinho, me diga qual você quer e eu trago até você. Quer Rigel? Quer Canopus? Capela? Vega? Quer Sirius?"
Não, eu não estou aberta para iluminar. Estou apenas esperanto o momento em que minhas cores vão saltar assim que meu juízo desajuizado voltar, mas desta vez, não vou consolar, vou apenas dizer adeus...
Enfim, perdida em tantas constelações pude ver bem exausto ele se aproximar.
Quando o pensamento voltou, trouxe desespero e mais uma companhia incontrolável, mas eu fechei a porta.
- Se quiser ocupar meus ossos novamente, terá que jogar o meu jogo, terá que seguir as minhas regras. Se quiser voltar, traga esquecimento.
Ainda olho para o céu esperando ver a cor-de-barata que tinham suas asas, a mesma cor que tem em meus olhos. Mas enquanto ele não volta, assim seguro, eu fico imaginando como é sentir saudade de alguém que te tem de alguma forma, mas não desperta nenhum sentido na palidez de um rosto que já foi rosado.



Curiosos são esses olhos cor-de-barata.
Gabriela diz que tenho olhos cor-de-barata.
Curioso, tocar estrelas?
Zaupa sabe que posso toca-las.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma veste em preto e branco

O relógio despertou e com ele Adélia, que lamentava-se por mais uma noite de sono corrompida.
Enquanto dormia, ela se desligava do mundo tentando esquecer todas as mágoas de passados e presentes,  futuros e dias, horas e segundos...
Durante a noite, ela podia sonhar aquela realidade tão provocante que a fazia pensar em suicídio e sonhos eternos. - Só mais uns minutos, e eu me levanto para que o diabo possa se lamentar. Pensou.
Os lençóis aquecidos em tons rosados e os olhos tão pesados não cediam outros movimentos a não ser se contorcer e gemer delicadamente aproveitando aquele despertar tão amargo.
Naquela manhã de Abril, ah Abril... Abriu os olhos e alisou os cabelos olhando para o teto que era tão assim, cheio de estrelas.
Irritou-se quando tomou razão de que tinha o dever de se levantar e viver para os outros sem viver para si mesma. Assentou o pé direito no chão e disse: - Hoje será um grande dia.
Que bobagem! Ela sabia que não seria, mas só para dizer que não havia tentado, fez um pedido e sorriu com sarcasmo. Que seja, não tinha nada a perder.
Eram sete horas da madrugada como ela dizia - Eu poderia estar sonhando com maçãs e pecados saborosos, mas é hora de viver e estragar tantos desejos e possíveis amores hoje, quem sabe até comprimir o que resta do meu coração.
Adélia se levantou então, cantarolando a canção que ouviu em sonho e esbarrou em Maria que logo disse:
- Bom dia!
- Ah, hoje vou viajar. Vou desaparecer dentro de alguém que se encontrou em mim e vou tratar de descobrir o amor como nunca busquei em muitos anos de vida mal gastos.
Maria sorriu. E sentindo um mal presságio, desejou boa sorte.
Quando saiu, ainda pela manhã, foi até uma lojinha. Dessas que se encontra por acaso como a da Rua Prudente de Morais e decidiu parar. - Bom dia. Quero uma lingerie. Disse ela sem qualquer pudor.
A moça que a abordou sorriu e a levou até as inúmeras cores e tonalidades e desenhos e tudo o que essa coisa de roupa intima feminina exige. - Quero essa! Disse ela sem escolher muito.
- A mais apagada? Com tantas cores aqui? Escolha essa, vermelha, o que acha?
- Obrigada, mas quero essa. Não tenho intenção de usa-la, mas caso o amor se encante com meu rosto pálido sem maquiagem, posso permitir que ele sinta o perfume daquela que já roubou o aroma de meu corpo. Esse exagero todo não é nada, quando o amor é sensível e me deseja seja qual for o disfarce ou fingimento. Quero essa! Apenas quero por favor.
Com espanto, a vendedora, também confusa, apenas atendeu o pedido sem insistir mais.
- Uso tamanho M. Completou Adélia. Como pode ver, não sou como as cariocas cheias de curvas que causam inveja, mas posso causar um impacto de parar o transito. Brincou.
Pegou, pagou, e levou aquela que seria esquecida e odiada sem ao menos tomar o corpo da garota.
Saindo dali Adélia voltou para casa e pegou uma mochila, colocou uma única peça de roupa, produtos higiénicos e nenhuma maquiagem. Vestiu qualquer roupa também mal penteou os cabelos e assim foi. Foi de qualquer jeito do mesmo modo que estava seu coração pois sabia que iriam torna-lo tão belo quanto aquela paisagem francesa. Foi para estragar seu coração sem saber acreditando que o montariam novamente. Foi sorrindo e acompanhada da lingerie preta e branca com detalhes em renda fina discreta pensou:
- Quero que te sintam em mim e quero também sentir todo aquele prazer de café da manhã que desejo no sorriso que esconde o choro. Vou matar minha agonia e junto dela a timidez com medo de fantasia. Vou para o amor que guardei com tanto cuidado para aquele outro amor que acredito ser meu.
Adélia era a segurança em pessoa. Estava linda por dentro e sabia o que iria encontrar caso o acaso não cometesse um engano. Ela sorria baixinho enquanto via as folhas de outono passando pela janela e pensava na leve brisa daquele olhar que seria sua cura. Dentro do onibus, pensava nos detalhes que o mundo desprezava e imaginava as caricias maliciosas que pareciam reais já de outros carnavais. E assim, Adélia dormiu para sempre.
Ainda na Rodovia Raposo Tavares o motorista do onibus que a pobre sonhadora ocupava perdeu o controle da direção e o veiculo capotou. Todos os passageiros sobreviveram com escoriações leves, graves e outros ilesos, mas ela, perdeu-se nas ilusões, e tranquila se foi...
Desfaleci antes mesmo de conhecer o amor.
Apesar da morte ser tão violenta, meu corpo permaneceu intacto com aquela beleza que um dia preservaram. O estrago foi por dentro, mas isso ninguém podia ver.
Na mochila, encontraram a lingerie ainda com etiqueta acompanhada de um cartão rosa em envelope vermelho que dizia:

"Esperei tanto por você. Quis tanto você em meus braços, e agora estou aqui caminhando na sua pressa tranquila como o nosso amor que está prestes a nascer. Não me importa o modo como vou te ver, falo agora sem saber que em minha mente te vejo uma obra prima e, daqui um tempo, vou dizer mais uma vez. Você é o que eu sempre desejei em sonho. Nós seremos as respostas um do outro assim como fomos no primeiro "Oi". Você está em mim como fruta está para pecado. Você é a causa dos meus arrepios e o motivo dos meus suspiros de amor. Estou indo para você cobertor, aqueça meu coração tão congelado com a ausência da luz solar. I'm in love, and I hope loving you."




sexta-feira, 6 de maio de 2011

O céu nas noites de Sexta-Feira é mais belo

Você se pergunta como são as partes que me montam, e nem ao menos me conhece... Muito prazer, meu nome é poesia.
Eu sou um conjunto de características irreais, impassíveis e imparáveis onde quem olha, sempre nota um rosto sereno de olhar tranquilo, mas não imagina que por trás das cortinas, acontece uma guerra entre Zeus e Hades no qual não existe ódio puro nem amor incondicional.
Eu posso ser todos os seus sorrisos e posso ser a resposta que bate na porta da sua boca, mas não posso ser o que você deseja em qualquer momento. Sei te respeitar enquanto cresce e o mínimo que peço, é que me espere crescer como você, mas em tempos diferentes onde suas horas são segundos e as minhas, tem duração sem fim.
Você pode caminhar do seu modo, não me importo, eu te alcanço depois. Não vou implorar para que espere enquanto amarro os sapatos no meio do caminho nem que vá mais devagar. Vou te deixar ir e quem sabe por sorte eu consiga te acompanhar equilibrando nossos passos.

Eu ficaria feliz se pudéssemos caminhar lado a lado de mãos dadas enquanto você brinca com meus dedos e faz caricias em meu rosto tão rosado de paixão. Nós seriamos perfume e brisa. Eu poderia sorrir por você enquanto ocupa os lábios beijando meus olhos, mas vai chegar aquela hora, que você irá se apressar e eu soltarei levemente seus dedos sentindo as pontadas no coração.
Menino, eu vou te roubar para mim só na lembrança, pois a sorte não tem me acompanhado.
O acaso gosta de brincar e me tomou como o brinquedo mais querido. Me machuca e me cura delicadamente transformando a dor em perdão. Me permite notar que o céu nas noites de Sexta-Feira é mais belo e que os dias que tenho que respirar fundo e contar até cem milhões, serão espantosamente alegres. Pare por um momento e sinta o efeito da palavra alegria. É... Eu sei. Espantoso, não?
Um dia, eu prometo, vou te sentir novamente antes que o sol desapareça. Antes mesmo que eu possa contar estrelas, vou sentir. De um jeito irreal, imparável e nada impassível talvez...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Nunca me provaram o contrário

O mundo está errado a respeito dos meus romances. E um dia, eu irei esfregar isso na cara de todos!

Responda Com amor Beija-flor

Para ler ouvindo: Foo Fighters - Everlong

Venho aqui, frágil. Sem arrogância ou orgulho, muito menos indiferença, prometer que tudo irá acabar bem. Suas dores e a cruz que carrega no peito, logo ficará leve do mesmo modo que uma folha de papel como a que escrevi sorrisos a você. Eu estarei aqui o tempo todo. Pois essa noite, estou desejando você para aquecer meu corpo tão congelado. Sem prazer nem malícia. Apenas desejando, para que nossos sentimentos possam brotar novamente de um jeito raro.
Também venho pedir para que se afaste de mim e permita que eu crie raízes em outro jardim. Mas não se esqueça nunca do que fomos um para o outro. Esqueça apenas as mentiras e precipitações, pois essas, com toda a certeza que tenho, são as ultimas palavras que escrevo sentindo você em mim. Esqueça o mal que fizemos. Se lembre das risadas e do prazer que tínhamos um com o outro.

Tenho sonhado com ocê assim pertin... Mas a realidade que vivo agora tem se tornado profundamente afável perto de um sonho onde você me abraça e eu juro, que posso sentir seu calor com cheiro de melancia. Você chora em meus sonhos e pede para que eu fique. Mas sei que não faço mais parte de seus pensamentos reais, e fico feliz, por você e por outro alguém talvez. Mas, por que choras então? Não fique assim, eu quero te sentir sorrindo daqui, mesmo que não seja para mim, te dou um beijo sem sal nem doce e digo adeus...

Eu te deixo amar beija-flor... Mas não esqueça o amor que tive por você. Volte. Lembre-se do tempo em que sorríamos com esperança, idealizando momentos e sentindo de longe o prazer que os ventos da capital atraiam me causando sorrisos silenciosos destinados a você.

Me deixe amar. Me devolva o ultimo indício de você em mim, devolva o que resta para o fim se fazer completo. Devolva, para que eu possa caminhar em paz nessa eternidade que irá me sufocar, mas deixe. Permita que eu te esqueça para sempre, e nunca mais procure saber se está bem, eu sei que irá ficar. Devolva-me, pois é só o que falta para eu te expulsar de uma vez. Devolva, mas guarde com você os desejos e sentimentos verdadeiros, pois eles é o que vão manter a dor em nós, ou apenas em mim.
Me deixe voar, enquanto aqui, te deixo amar aquela sua dor que nunca morreu, como eu sempre soube.

Eu te amo. De um jeito assim. Não desse, nem de outro. Mas do modo que sempre entendemos. Apenas amo.

domingo, 1 de maio de 2011

O Garoto que escreve em muros


... Então, ouve-se um suspiro!
E ele, que tinha tantas cores nas mãos, hoje se vê em preto e branco.
Ele que tinha a arte de colorir, hoje não vê as cores em alguém.
No bolso carrega a carta que nunca entregou a ela.
E ali, bem no entardecer, quando consegue ver as cores do céu à flor da pele, escreve os poemas que vê em alguém único em sua existência. Nas paredes onde contornava desenhos sujos, escreve o que o mundo precisa para ser feliz. Ali, onde o preto e branco lhe roubam as cores, escreve nos muros da cidade tudo o que seu coração guarda e não deixa sobressair.
A luz fraca que quase ilumina o quarto, salienta a sensação da poesia que habita em seus olhos. Seu coração suga apenas o que lhe convêm. Desenha mentiras sinceras do mais profundo arrependimento. 
Em seus olhos? O profundo peso do mundo, onde apenas Carlos Drummond de Andrade era capaz de decifrar melhor que suas palavras fracas. E assim, ele distribuiu poesia nas ruas de São Bernardo do Campo. Onde suas canções são reconhecidas por pessoas tão cativas quanto O Garoto que escreve em muros.



-

Foto (Que me deu ar aos pulmões e me levou a escrever) Por: Bruno Santos (Nom) 
A grande inspiração a quem dedico este texto.